quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

buttercup – lucinda williams

escute aqui. do álbum blessed, a ser lançado em março de 2011. "buttercup" é o primeiro single do álbum.

(first of all, to all my almost non-existent international readers: some ramblin' thoughts of the song in world-friendly english. hopefully.)

por que o primeiro single do novo álbum da lucinda williams seria especial mesmo que fosse ruim (e é tudo menos ruim)? porque "buttercup" é a primeira música nova da lucinda que escuto desde que virei o maior fã dela no hemisfério sul (fala-se à boca pequena que eu sou um dos dez maiores do planeta), então foi, para colocar de maneira simplória, emocionante ouvi-la pela primeira vez ontem (e pelas dezenas de vezes subsequentes). gostar do material novo me diz basicamente que eu não joguei quase dois anos de audição ferrenha no lixo. ela não perdeu a mão! ela continua superawesome! não preciso continuar vivendo do passado, dos álbuns de 1978 a 2008. aaah, maluco.

lucinda escreveu "buttercup" para a mesma pessoa de "jailhouse tears", um dueto com elvis costello incluído no último álbum, little honey. essa última, acho que pela própria natureza de dueto, era burlesca e engraçadinha demais (o cara estava presente!). ficava claro que lucinda tinha saído por cima desse relacionamento e lembrava das agruras dele com o coração leve. o mesmo transparece em "buttercup", mas a grande diferença é que a nova música tinha um incrível potencial para ser crua e amarga e resultou num "bluesy wake-up call" (para a tal pessoa). (antes de ouvi-la ontem só havia visto o vídeo de uma apresentação solo. talvez a própria reação da plateia – os gritos no refrão – e lucinda aparentemente eletrizada por eles meio que me deram uma impressão equivocada – e, claro, ajuda o fato de não ter ideia de qual seria o arranjo final da faixa.) "buttercup" enumera uma série de ações e padrões de comportamento desagradáveis da tal pessoa e explode, quatro vezes, em "now you want somebody to be your buttercup/ good luck finding your buttercup". mas isso não soa como um vá se foder, há uma tristeza subliminar aí. lucinda na verdade está mais preocupada com ele do que com ela, e isso faz uma diferença brutal quando você compara "buttercup" com outras de suas músicas done-me-wrong (de "bad boy", como a própria lucinda coloca), como "metal firecracker", "abandoned", "learning how to live"... "buttercup" é mais similar a "sweet side" ("você não sabe mostrar o seu lado gentil") e a "side of the road" (pelo instinto arraigado de preservar-se numa relação). apesar de conter alguns versos típicos de psicologia de botequim ("maybe couldn't talk to your mother/ stand up to your dad"), "buttercup" é doce e muito espirituosa ("you live like a little kid/ with bruises on your knees"). tem a sabedoria daquelas pessoas que atravessaram períodos de intenso negrume e saíram sem a carranca, renovadas, com uma força prevalecente: é por isso que, sim, quando ela canta o último "good luck finding your buttercup" sem qualquer instrumentação por trás, é esta a imagem do Restabelecimento (e do desejo sincero de que tudo dê certo para ele da próxima vez). quando a instrumentação volta, no cup de buttercup, é este o som da Volta por Cima (e do desejo sincero de que ele deixe de agir como um shithead).

e esta é a imagem (e o som) da Obsessão (e do desejo sincero de que ela perdure):

2 comentários:

  1. Lucinda Williams te conhece? Você é um fã que daria orgulho a qualquer artista.

    C.

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  2. VEM PRO BRASIL, TIA LUCINDA.

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