sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

shadow on a harvest moon – everything but the girl



do álbum idlewild, de 1988.


meio canhestra e melindrosa ("uma viúva numa lua de mel", sacumé), mas saindo do terreno do atabalhoamento e da afetação, descortina-se a mais cândida sinceridade. trata-se de uma canção alto-astral vinda das profundezas dantescas de um coração partido, mas é preciso examiná-la a fundo para desvendar seu tema, que fica encoberto como a lua da colheita pela sombra do título. ela começa confessional e, sem mais nem menos, a vocalista quebra a quarta parede e estende para você as resoluções que fez para ela:

eu escrevo estas palavras para torná-las verdade:
"eu me livrei de minha paixonite platônica e
você também deve fazê-lo"

o golpe de gênio é: apesar de ficar quase claro que ela se refere ao ouvinte, é possível que ela cante suas dores na segunda pessoa – da mesma forma que alguém que se identifica com uma música a cantarola, fazendo dela um hino pessoal e das palavras do compositor as suas. essa sugestão final talvez não seja uma para nós, mas uma para ela mesma – e apenas para ela. um dos enigmas mais especiais.

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